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Serotonina e intestino - qual a relação?

As evidências científicas mais recentes mostram uma relação bidirecional entre o cérebro e o intestino. A diarreia antes de uma reunião importante e o mal humor durante a constipação são exemplos bem conhecidos dessa interação. A comunicação entre esses órgãos ocorre por sinalização nervosa, endócrina e imunológica.


O cérebro pode modular a motilidade, a permeabilidade e a secreção intestinal e assim interferir na microbiota. Os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) - sintetizados pela microbiota a partir da fermentação de amidos não digeríveis - estimulam as células do intestino (porção distal do íleo) a sintetizarem peptídeos YY e GLP-1 (peptídeo-1 semelhante ao glucagon), que atuam no sistema nervoso central induzindo a saciedade e promovendo mudanças comportamentais.


Assim como os AGCC, a serotonina também é secretada no intestino (sintetizadas pelas células enterocromafins) e gera efeitos no sistema nervoso central. Esse neurotransmissor atua na regulação do humor, do apetite e do sono e é sintetizado a partir do triptofano. Alguns neurônios também têm capacidade para secretar serotonina, que é conhecida como o hormônio da felicidade. A deficiência desse neurotransmissor está associada a depressão, fibromialgia, ansiedade e irritabilidade.


O triptofano é um nutriente essencial para o funcionamento do organismo. Entretanto, o homem não é capaz de produzi-lo e por isso precisa obtê-lo a partir da alimentação. Ovo, abacate, peixes, carne de frango e ervilha são alimentos que contêm triptofano.


Inúmeras bactérias têm capacidade para sintetizar serotonina, entretanto ainda não foi comprovado que os microrganismos da microbiota realizem essa atividade.


No intestino, a serotonina é capaz de: controlar a motilidade intestinal - aumentando ou reduzindo as contrações para permitir a digestão e a absorção dos nutrientes; controlar a secreção das enzimas digestivas; e estimular a percepção de náusea e dor. Embora esse neurotransmissor seja essencial para o controle de funções vitais - respiração e funções neurológicas, por exemplo - mais de 80% dele é sintetizado e utilizado no intestino.


Quando há um desequilíbrio da microbiota intestinal ocorre redução na síntese de AGCC; redução da produção de muco que reveste o epitélio intestinal; e elevação da síntese de zonulina (substância que quebra as ligações entre os enterócitos). Com isso ocorre o aumento da permeabilidade intestinal e inflamação. Nessas condições, o intestino não tem capacidade de sintetizar a quantidade adequada de serotonina.


Manter uma alimentação saudável, capaz de fornecer substratos para a microbiota intestinal metabolizar AGCC auxilia na manutenção da integridade do epitélio intestinal e minimiza os riscos de o intestino não conseguir produzir a serotonina. Banana, aveia, maçã, aveia, cebola, alho, raiz de chicória e cacau são exemplos de alimentos que contém substâncias prebióticas.



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Se quiser ler mais sobre esse assunto, indico esses artigos:


Klimova, B., Novotny, M., & Valis, M. (2020). The Impact of Nutrition and Intestinal Microbiome on Elderly Depression-A Systematic Review. Nutrients, 12(3), 710. https://doi.org/10.3390/nu12030710


trandwitz P. Neurotransmitter modulation by the gut microbiota. Brain Res. 2018 Aug 15;1693(Pt B):128-133. doi: 10.1016/j.brainres.2018.03.015. PMID: 29903615; PMCID: PMC6005194.


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