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Efeitos do jejum na Microbiota


A oferta alimentar atual é uma novidade para seres humanos, e muitos povos ainda caçam e coletam seu alimento, diferente de nós, que podemos ter uma refeição quentinha em casa, com alguns cliques no celular. Nossos ancestrais tinham outro costume, por necessidade, de jejuar, muitas vezes por dias, pela falta de comida dependendo da época do ano e do crescimento do plantio. Mesmo que sem tomar essa decisão, também temos o costume de jejuar: enquanto dormimos.


O jejum ficou famoso como estratégia de emagrecimento, por ser considerado mais simples de seguir, ter aderência e eficácia. Por outro lado, o jejum tem se mostrado eficiente não apenas na perda de peso, mas também em outros âmbitos. Um intestino com menor oferta de alimentos tem melhora em sua composição e função, ao mesmo tempo, uma dieta rica em gorduras saturadas e baixa em fibras promove alterações relacionadas a doenças crônicas não transmissíveis, pelo aumento na permeabilidade intestinal.


Foi realizado um estudo com dois grupos de camundongos alimentados por 8 semanas com o mesmo tipo de dieta rica em gorduras, porém o primeiro grupo teve o tempo de alimentação restrito, enquanto o segundo grupo poderia comer a qualquer momento. Apenas o primeiro grupo não teve ganho de peso, teve aumento na diversidade da microbiota intestinal e melhora do ciclo circadiano intestinal.


Outro estudo com camundongos em jejum de 16 horas por dia em uma alimentação comum levou a uma queda em 10% na quantidade de comida consumida, aumento de Akkermansia, bactéria anti inflamatória e queda de Alistipes, bactéria pró inflamatória.


Alguns outros estudos foram realizados com seres humanos adeptos, como no Ramadão, onde os religiosos passam um mês do ano se alimentando 7 horas por dia, e 17 horas em jejum, do nascer do sol até se pôr. Após 29 dias, esse estudo, que monitorou 9 homens de meia idade, teve como resultado uma queda na glicose em jejum e do colesterol, bem como o aumento da Akkermansia muciniphila e Bacteroides fragilis. Por conta da janela de alimentação, esses religiosos têm suas refeições durante a noite, o que pode perturbar o ritmo circadiano e o metabolismo.


Outro estudo realizado com humanos obesos resultou em queda no peso, na gordura corporal e na pressão arterial, porém, a microbiota intestinal não teve maiores alterações.


As pesquisas são promissoras para a prática segura do jejum em benefício à saúde, porém, como toda outra estratégia alimentar, deve ser guiada por um profissional nutricionista capacitado, visto que pode não ser interessante para algumas pessoas, por exemplo, pessoas que sofrem ou já sofreram com transtornos alimentares.



Ref:

Mohr, A. et al. Recent advances and health implications of dietary fasting regimens on the gut microbiome. Am J Physiol Gastrointest Liver Physiol320: G847–G863, 2021. March 17, 2021; doi:10.1152/ajpgi.00475.2020




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