Os polifenóis são metabólitos secundários encontrados em abundância em uma grande variedade de alimentos, como frutas, vegetais, ervas, sementes, cereais e cacau, assim como em bebidas, como café, chá e vinho. Atualmente, esse é um tema de grande atenção científica devido ao interesse em seus potenciais benefícios à saúde, que incluem propriedades anticarcinogênicas, antioxidantes, antimicrobianas e anti-inflamatórias. Os polifenóis também têm papel importante na prevenção de doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e doenças neurodegenerativas.
A maioria dos polifenóis passa pelo intestino delgado sem ser absorvido, encontrando assim a microbiota intestinal que coloniza o cólon. Isso leva a uma reação mútua bidirecional entre compostos fenólicos e a microbiota intestinal. Primeiro, os polifenóis são biotransformados em seus metabólitos pela microbiota intestinal, o que resulta no aumento da biodisponibilidade desses polifenóis. Em segundo lugar, os polifenóis modulam a composição da comunidade microbiana intestinal principalmente através da inibição de bactérias patogênicas e da estimulação de bactérias benéficas. Vários compostos fenólicos têm sido reconhecidos como potenciais agentes antimicrobianos com ações bacteriostáticas e bactericidas. Os polifenóis podem ainda atuar como agente prebiótico para bactérias benéficas ao hospedeiro.
Os polifenóis tornaram-se um alvo de pesquisas devido aos seus potenciais benefícios à saúde, principalmente em relação à prevenção do câncer e doenças cardiovasculares. Para alcançar esses benefícios à saúde, os polifenóis precisam de processamento in situ pela microbiota intestinal para serem transformados em um metabólito potencialmente mais bioativo e de baixo peso molecular. A absorção total de polifenóis no intestino delgado é relativamente baixa (5%-10%) em comparação com outros macro ou micronutrientes. Os 90% a 95% restantes dos polifenóis transitam para o lúmen do intestino grosso e se acumulam na faixa milimolar. A partir do lúmen, juntamente com ácidos biliares conjugados, são expostos às atividades enzimáticas da microbiota intestinal.
Existe atualmente a necessidade de se esclarecer os mecanismos moleculares associados ao efeito prebiótico observado e das atividades antimicrobianas contra bactérias patogênicas intestinais é aparente. Os microrganismos que vivem no intestino podem melhorar a saúde do hospedeiro protegendo contra distúrbios gastrointestinais e patógenos, processando nutrientes, reduzindo o colesterol sérico, fortalecendo as tight junctions do epitélio intestinal, aumentando a secreção de muco e modulando a resposta imune intestinal por meio de estímulo de citocinas. Além disso, a microbiota intestinal biotransforma polifenóis em metabólitos que podem ter maior atividade biológica do que suas estruturas precursoras.
Em resumo, a literatura mais recente demonstra que a relação mútua entre a microbiota intestinal e os compostos fenólicos aumenta a biodisponibilidade dos polifenóis e proporciona maiores benefícios à saúde. Os compostos fenólicos podem alterar a comunidade da microbiota intestinal, resultando em uma maior abundância de bactérias benéficas e um consequente aumento da biodisponibilidade dos mesmos. Ao mesmo tempo, os compostos fenólicos são biotransformados em seus metabólitos menores pela microbiota intestinal, o que também contribui para o aumento da biodisponibilidade. A persistência de compostos fenólicos maiores e intactos, como as proantocianidinas no cólon, permite que esses compostos tenham ainda ações biológicas benéficas locais, particularmente nas células epiteliais do cólon, resultando em efeitos protetores contra doenças mediadas por inflamação, incluindo câncer colorretal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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