
A spirulina é uma cianobactéria: um organismo procarionte como as bactérias, mas que é capaz de fazer fotossíntese, como as algas. Trata-se do gênero Arthrospira spp. e a principal espécie cultivada é a Arthrospira platensis. Devido à sua natureza é considerada um produto de algas e, muitas vezes, é denominada como uma “superfood”. O problema desse termo é que acaba induzindo uma conotação de um alimento extremamente poderoso, tão nutritivo e rico em compostos funcionais que é capaz até de exercer milagres… Apesar de não ser esse o caso (nem da spirulina, nem de nenhuma outra “superfood”), a spirulina tem sim suas utilidades e vamos conhecê-las um pouco melhor agora.
Mais da metade (60%) da composição da spirulina é de proteína, além de ser rica em vitamina B12. Esses fatos nutricionais fazem com que seja amplamente incluída em dietas vegetarianas e veganas, que excluem da alimentação as principais fontes de vitamina B12 e que também são importantes fontes proteicas: as carnes. Nesse ponto, é preciso atenção para não utilizar a spirulina como substituição proteica, e sim pensar no uso deste suplemento como um complemento no consumo de proteínas e de vitamina B12, esta última podendo demandar outras formas de suplementação.
Além desses componentes mais conhecidos, a spirulina possui, ainda que em níveis relativamente baixos comparados com outras fontes, vitamina E, carotenóides, potássio, cálcio, magnésio, ferro, zinco, manganês, selênio e ácidos graxos saturados e insaturados, principalmente os do tipo ômega 6: ácido linoleico e ácido gama-linolênico. Interessante ressaltar que o ácido gama-linolênico é amplamente utilizado no manejo de sintomas associados à tensão pré-menstrual e menopausa.
A questão quanto à composição nutricional da spirulina é que, entre marcas, podem ocorrer diferenças consideráveis dependendo do local de origem, condições ambientais de desenvolvimento e cultivo, e métodos utilizados na manufatura. Por isso, além de observar o rótulo para ter certeza da quantidade que está sendo consumida de cada um desses componentes da spirulina, é preciso optar por marcas confiáveis na seleção da matéria prima e produção do suplemento.
Entre as alegações de benefícios à saúde proporcionados pela spirulina, derivadas de seus componentes nutricionais e funcionais (por exemplo, os compostos fenólicos), estão:
Suporte para a perda de peso
Redução da pressão arterial
Diminuição dos triglicerídeos séricos
Propriedades antioxidantes
Efeito imunoestimulante
Algumas possíveis utilizações da spirulina ainda estão em passos iniciais de avaliação, mas uma delas diz respeito à união desse suplemento com o uso de probióticos, dando maior suporte para o crescimento das bactérias benéficas no intestino. Um dos mecanismos por trás dessas observações é o aumento de metabólitos com atividade antibacteriana, atuando sobre a diminuição das espécies patogênicas.
Ao se debruçar sobre os estudos que investigam a suplementação de spirulina, vemos o uso de doses que variam entre 1 - 8g/dia. Efeitos benéficos já são observados na menor dose, e é preciso muito cuidado com a ingestão porque as cianobactérias podem tanto produzir metabólitos que são tóxicos para o corpo humano (como a anatoxina A), como também acabarem sendo contaminadas com metais pesados e pesticidas. O consumo de 3g parece ser uma quantidade efetiva e segura para o consumo diário.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Großhagauer, S., Kraemer, K., & Somoza, V. (2020). The True Value of Spirulina. Journal of Agricultural and Food Chemistry. doi:10.1021/acs.jafc.9b08251
Finamore, A., Palmery, M., Bensehaila, S., & Peluso, I. (2017). Antioxidant, Immunomodulating, and Microbial-Modulating Activities of the Sustainable and EcofriendlySpirulina. Oxidative Medicine and Cellular Longevity, 2017, 1–14. doi:10.1155/2017/3247528
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