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Quando devemos solicitar os testes de microbiota?



A microbiota intestinal é um ponto central ao pensarmos no funcionamento adequado do intestino, e por mais que a ciência busque desvendar o “padrão ideal” das bactérias intestinais, essa composição é extremamente única e de acordo com a sua característica individual, varia bastante a resposta às estratégias de modulação, como o uso de probióticos e prebióticos. Hoje em dia temos disponíveis testes capazes de identificar os microrganismos que habitam nosso microbioma e também de mapear, em nosso DNA, genes marcadores de um ambiente intestinal mais saudável. Tem coisa mais personalizada que isso? A vantagem desse tipo de exame, é que podemos direcionar muito bem as estratégias nutricionais de acordo com os resultados encontrados, porém, estes precisam ser interpretados da maneira correta.


Depois de ser extensivamente aplicado para estudos científicos, o mapeamento do DNA das células das bactérias que colonizam o intestino passou a estar disponível em vários laboratórios, dando origem aos testes de microbiota, que demonstram, através de sequenciamento genético, o arranjo de microrganismos da microbiota intestinal daquele indivíduo que está sendo analisado.


Os exames atualmente disponibilizados para esse fim consistem no sequenciamento de um gene que é exclusivo das bactérias, o rRNA 16S. A partir daí, é possível ter uma visão:

  • da diversidade bacteriana: esse parâmetro diz respeito aos diferentes tipos de bactérias presentes e costuma estar associado com um padrão de microbiota mais saudável, no qual cada tipo pode exercer sua função específica, sem precisar “compensar” a falta de bactérias importantes.

  • do nível de bactérias benéficas e patogênicas: o que se espera é que as primeiras prevaleçam, visto que costumam ter um perfil mais anti inflamatório, induzindo um estado mais tolerogênico do sistema imune e produzindo metabólitos que afetam de maneira positiva a saúde.

  • da relação entre os principais filos da microbiota intestinal (Firmicutes/Bacteroidetes): uma série de condições metabólicas adversas, como a própria obesidade e diabetes mellitus tipo 2, se associam com um aumento de Firmicutes em relação ao nível de Bacteroidetes


Apesar dos laboratórios entregarem um laudo completo dos resultados, na hora de analisá-los, alguns pontos importantes precisam ser levados em questão. Primeiramente, a tecnologia utilizada no sequenciamento genético, permite identificar os microrganismos a nível, principalmente, de filo e gênero, que são classificações mais gerais das bactérias. Isso significa que não é possível ter uma clareza de todas as espécies de bactérias presentes. Apesar disso, conhecer o nível de cada filo/gênero já possibilita ter uma noção bastante esclarecedora de como anda a composição do microbioma e quais estratégias podem ser adotadas. Além disso, o laudo de resultado jamais deve ser analisado fora do contexto individual do paciente. Não existe uma definição exata do que é uma microbiota saudável, porque isso varia bastante de indivíduo para indivíduo: idade, estilo de vida, padrão dietético, etnicidade e localização geográfica são exemplos de variáveis que devem ser levados em questão ao analisar um teste de microbiota. Os sinais e sintomas devem ser casados com as informações oriundas do exame para que se possa entender de fato o que aqueles resultados querem dizer.


Sabendo-se que a composição das bactérias intestinais influencia na resposta aos probióticos e estratégias utilizadas para modular o intestino, os testes de microbiota são extremamente úteis em casos críticos de condições associadas a disbiose e que podem ser controladas a partir do manejo das bactérias intestinais como doenças auto imune, desordens metabólicas, doenças neurodegenerativas etc.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ranjan, R., Rani, A., Metwally, A., McGee, H. S., & Perkins, D. L. (2016). Analysis of the microbiome: Advantages of whole genome shotgun versus 16S amplicon sequencing. Biochemical and Biophysical Research Communications, 469(4), 967–977. doi:10.1016/j.bbrc.2015.12.083


Kurilshikov, A., Medina-Gomez, C., Bacigalupe, R., Radjabzadeh, D., Wang, J., Demirkan, A., … Liu, X. (2021). Large-scale association analyses identify host factors influencing human gut microbiome composition. Nature Genetics, 53(2), 156–165. doi:10.1038/s41588-020-00763-1

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