Algumas pessoas apresentam desconfortos gastrointestinais após o consumo de grãos e cereais, chegando até mesmo excluí-los da alimentação por esse motivo. Isso demonstra que algumas delas podem ter determinado grau de intolerância a esses alimentos ou componentes deles.
A lectina por exemplo, é uma proteína capaz de se ligar aos carboidratos, por isso ela se enquadra na categoria de glicoproteínas, sendo também considerada como um fator anti-nutricional, visto que, pode impedir a absorção adequada de alguns nutrientes. Ela pode ser facilmente encontrada em alimentos de origem animal, vegetal, vírus e bactérias, mas principalmente em grãos e cereais vegetais. Nas plantas essa proteína tem a função de reserva de nutrientes, transporte e fixação de carboidratos. No que diz respeito aos humanos, ainda não existem grandes estudos que comprovem seu real efeito no organismo.
No entanto, o consumo de lectinas em excesso pode desencadear aumento da viscosidade sanguínea, alterar a função endócrina e a expressão gênica. Assim como efeitos maléficos e reações adversas alimentares também podem ocorrer, pois esses componentes apresentam função pró-inflamatória e citotóxica. Mas, a quantidade considerada excessiva vai variar de acordo com a individualidade de cada pessoa.
Além do que foi dito, é importante ressaltar que os alimentos fonte de lectina são ricos em fósforo, cálcio, ferro, potássio, vitamina A, B1, B2 e fibra, que são nutrientes essenciais para a função imunológica e intestinal. Dentre os alimentos que são fonte de lectina estão incluídos os feijões, arroz, laticínios, ovos, soja, amendoim, quinoa, aveia, cevada, milho, batata, ervilha, lentilha e centeio.
Alguns estudos comentam que a lectina pode agravar os sintomas de doenças autoimunes tais como artrite reumatóide, lúpus ou distúrbio intestinal inflamatório se forem consumidas em grande quantidade, isso porque elas elevam a proliferação bacteriana intestinal e consequentemente a permeabilidade do intestino, devido ao alto poder de viscosidade que permite esses componentes a permanecerem presos facilmente na parede intestinal, impedindo que o intestino realize suas funções de forma adequada. Nesse sentido, os patógenos ou alérgenos passariam com mais facilidade para a corrente sanguínea, desencadeando um processo inflamatório.
Ainda, é possível que o organismo proporcione uma resposta imunológica inflamatória contras as lectinas que estão fixadas na parede intestinal, resultando em um processo autoimune que levará o paciente a fadiga, dor crônica e inflamação.
No entanto, nem todas as lectinas possuem o mesmo desfecho biológico, estudos comentam que algumas delas podem ter propriedades antimicrobianas e combater infecções provocadas por estafilococose E. coli., assim como alterar as vias de sinalização imunológicas desencadeando efeito anticancerígeno, desde que consumidas em quantidade adequada.
Uma forma de reduzir os efeitos das lectinas nos alimentos em grãos está em submergi-los em água por um período de 8-12 horas (que poderá ser estendido de acordo com a rigidez de alguns grãos), substituindo a água da submersão frequentemente, ao menos 3 ou 4 vezes e realizar fervura durante o preparo. Esse processo não irá retirar completamente as lectinas, mas irá reduzir bastante a quantidade.
A ingestão de excessiva desses elementos pode causar no paciente dor abdominal intensa, náuseas, diarreia, inchaço abdominal, vômito, constipação, sensação de estufamento, flatulência, presença de muco nas fezes, dores articulares e alterações dérmicas.
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Referências:
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