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Foto do escritorKarina Al Assal

O que a ancestralidade da dieta tem a ver com a sua microbiota?



A ancestralidade está totalmente associada com a hereditariedade e saber mais sobre isso, pode levar as pessoas ao autoconhecimento e a explicação de muitos fenômenos biológicos e metabólicos que ocorrem em suas vidas.


Boa parte do que fazemos hoje em nossas vidas é herança dos nossos antepassados, por isso a tecnologia e a ciência evoluem a cada dia a fim de compreender acontecimentos passados, que no momento podem ser avaliados através da genética e testes de DNA que trazem conhecimento sobre a história de familiares, costumes e hábitos alimentares que eles tinham. Nesse contexto, a análise genética da ancestralidade é um exame que vem sendo muito utilizado para identificar os antecedentes de cada indivíduo, proporcionando informações herdadas de gerações anteriores, sequenciamento genético para avaliar predisposição a doenças e outras condições metabólicas, comportamentos e hábitos preditivos, tratamentos mais eficientes etc.


A nutrição adequada é extremamente importante durante períodos específicos de desenvolvimento durante todas as fases da vida, e tudo o que comemos influencia significativamente no nosso metabolismo de modo geral, incluindo as pré-disposições, alterações genéticas e a modulação da microbiota intestinal.


Os alimentos que ingerimos diariamente e a forma como nos alimentamos impacta diretamente na composição da microbiota. Se comermos maior quantidade de alimentos saudáveis e que fazem bem à saúde, consequentemente teremos um melhor ambiente intestinal, mas, o mesmo acontece se os alimentos ingeridos diariamente não tiverem boa qualidade, ou seja, teremos grande chance de um desequilíbrio microbiano.


A repercussão da alimentação durante o período de gestação também irá impactar muito na saúde intestinal do feto, por isso a atenção para a nutrição do bebê desde o útero é essencial, visto que o efeito provocado na microbiota irá perdurar por toda vida desse indivíduo. Mas, vale ressaltar que a genética e as pré-disposições que as gerações anteriores carregam também serão passadas para a criança desde a concepção, influenciando seu desenvolvimento genético e microbiológico.


O nosso metagenoma se refere a um composto de genes presentes nos genomas dos trilhões de microrganismos que habitam nossos corpos quando adultos. A grande maioria desses micróbios vive em nosso ambiente intestinal e nossos genomas microbianos (microbiomas) codificam funções metabólicas que não tivemos que evoluir totalmente por conta própria, mas que trazemos de herança dos nossos ancestrais, incluindo a capacidade de extrair energia e nutrientes da nossa dieta, por exemplo.


A composição da microbiota da criança começa a ser formada desde o parto, onde ela terá contato com as bactérias da mãe. Estudos mencionam que o organismo das mães permite que bactérias presentes na microbiota delas, sejam ofertadas para os bebês através da amamentação, para auxiliar na formação adequada microbiológica da criança.


Além disso, a literatura diz que os primeiros 1000 dias de vida da criança são os principais para determinar além da influência genética, as alterações e condições da microbiota intestinal, sendo essa a principal fase na qual o intestino sofrerá intervenções da alimentação. Devido a isso, estabelecer hábitos alimentares adequados reduz a probabilidade de comportamento alimentar inadequado na vida adulta.


Durante o desenvolvimento de cada pessoa ocorrem mudanças que levam ao aparecimento de doenças crônicas. Mas, dependendo da constituição genética herdada dos pais e outros ancestrais, composição da microbiota, qualidade alimentar e função do sistema imunológico, elas podem ser retardadas ou aceleradas ao decorrer da vida. Por isso, essa influência herdada dos antepassados até hoje gera grandes impactos na nossa vida e na própria microbiota intestinal.



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Referências:

Kirkpatrick BE, Rashkin MD. Ancestry Testing and the Practice of Genetic Counseling. J Genet Couns. 2017 Feb;26(1):6-20.

Pereira FDSCF, Guimarães RM, Lucidi AR, et al. A systematic literature review on the European, African and Amerindian genetic ancestry components on Brazilian health outcomes. Sci Rep. 2019 Jun 20;9(1):8874.

Carvalho-Ramos, I. I., Duarte, R. T. D., Brandt, K. G., Martinez, M. B., & Taddei, C. R. (2018). Breastfeeding increases microbial community resilience. Jornal de Pediatria, 94(3), 258–267. doi:10.1016/j.jped.2017.05.013

Kozyrskyj, A. L., Kalu, R., Koleva, P. T., & Bridgman, S. L. (2015). Fetal programming of overweight through the microbiome: boys are disproportionately affected. Journal of Developmental Origins of Health and Disease, 7(01), 25–34. doi:10.1017/s2040174415001269

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