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Dores articulares: sabia que tratar o intestino pode ser a solução?

Foto do escritor: Karina Al AssalKarina Al Assal

Já ouviu falar na relação entre dores articulares e intestino? As evidências mostram que o tratamento de desordens do intestino pode favorecer a amenização dos sintomas de artrite e dores articulares.


Osteoartrite e Microbiota intestinal

Osteoartrite, ou Artrose, é o nome que se dá à desordem que afeta as juntas, com perda de cartilagem das articulações, hipertrofia dos ossos, engrossamento das cápsulas, levando a aparições de sintomas como dor, inchaço, rigidez, movimentos limitados, redução da funcionalidade física, restrição de atividades sociais e comprometimento da capacidade de trabalho. Acomete principalmente articulações que sustentam o peso do corpo, como joelhos e pés, mas também aquelas utilizadas mais constantemente. Estudos mostram que 80 a 90% dos indivíduos possuem traços de osteoartrite quando atingem os 65 anos. As causas são desconhecidas, porém grande parte das doenças que afetam as articulações estão associadas à inflamação.

O tratamento clássico para a doença consiste na melhora de dor e sintomas, além de preservar a mobilidade, aumentar a resistência e reduzir impactos da doença, visto que não há cura conhecida e a restauração da cartilagem é extremamente limitada. Assim, são utilizados analgésicos, anti-inflamatórios não esteroidais e sulfato de glicosamina. Entretanto, o uso crônico desses medicamentos pode levar a efeitos adversos sérios como destruição da integridade da barreira intestinal, culminando em inflamação e estado de hiperpermeabilidade.

O intestino é um órgão de extrema importância para a regulação do sistema imunológico, pois necessita manter a homeostase apesar do contato direto com antígenos, patógenos e a microbiota local. Em um estado de homeostase, há um equilíbrio entre resposta imune e microbiota, porém quadros de desequilíbrio, ou seja, disbiose, podem contribuir para diversas doenças. Além dessa regulação do microbioma, as células epiteliais do intestino contribuem para o crescimento e homeostase das células imunes.

Estudos mostram que o padrão de microbiota intestinal e metabólitos produzidos, associado à alimentação, possui papel fundamental no desenvolvimento de doenças inflamatórias, incluindo a artrite. O consumo adequado de fibras, seguido por fermentação pela microbiota leva à produção de metabólitos benéficos para a homeostase e modulação do sistema imune, como os ácidos graxos de cadeia curta.

Dessa forma, o microbioma tem potencial de afetar o metabolismo do indivíduo, o estado inflamatório, o sistema imunológico e a saúde óssea. Portanto, o microbioma é um alvo importante para terapêuticas para condições como a osteoartrite, com o uso de agentes farmacológicos, probióticos e prebióticos.

Os probióticos são microorganismos vivos a serem ingeridos por meio de alimentos ou suplementos, capazes de regular a saúde do indivíduo. Já os prebióticos, são fibras alimentares não digeríveis pelo organismo humano, porém fermentáveis pela microbiota, portanto com capacidade de fomentar o crescimento e melhorar a composição da microbiota. Assim, estratégias que combinem adequadamente alimentação balanceada e consumo de pro- e prebióticos podem ser muito benéficas para o tratamento e prevenção de osteoartrite devido às propriedades imunomoduladoras e anti-inflamatórias.

Artrite Reumatoide e Doenças Inflamatórias Intestinais

A artrite reumatoide é uma doença autoimune que se caracteriza pela inflamação da membrana sinovial das articulações, culminando em destruição das cartilagens e tecido ósseo das áreas afetadas. As áreas mais comumente afetadas são as juntas de mãos, punhos, cotovelos, ombros, pés, joelhos, tornozelos e coluna cervical. A doença está presente em 1% da população mundial, pode ocorrer em qualquer idade, com predominância entre 40 e 60 anos, e as causas não são conhecidas.

Os sintomas da doença são inchaço, rigidez, deformações, formação de nódulos, dor, perda da força muscular, redução da amplitude de movimento e derrame intramuscular, além de prejuízo na capacidade funcional, nas atividades cotidianas e na qualidade de vida.

A doença também não possui cura, e o tratamento feito com anti-inflamatórios não esteroidais, glicocorticoides e fármacos antirreumáticos tem objetivo de prevenir e controlar a inflamação, melhorar capacidade funcional, combater a dor, minimizar os sintomas, controlar a progressão e buscar remissão.

As doenças inflamatórias intestinais – doença de Crohn e retocolite ulcerativa – podem apresentar como manifestação extra intestinal a artrite reumatoide, conhecida nesses casos como artrite enteropática.

A doença de Crohn se apresenta como uma inflamação que atravessa a mucosa do trato gastrointestinal, principalmente do íleo, porção distal do intestino delgado. Além de lesões e complicações como fístulas, estenoses e abcessos, a doença tem como sintomas diarreia, febre, dor abdominal, perda de peso e complicações sistêmicas.

Já a retocolite ulcerativa afeta continuamente a superfície da mucosa do reto, cólon e íleo. Tem como sintomas a diarreia sanguinolenta e fortes dores abdominais.

Em caso de artrite decorrente de doença inflamatória intestinal os episódios articulares refletem atividades inflamatórias no intestino. Geralmente, o controle da doença de base leva a uma melhora do quadro de inflamação articular.

Referências

Andrade, T. F., & Dias, S. R. C. (2019). Etiologia da artrite reumatoide: revisão bibliográfica. Brazilian Journal of Health Review, 2(4), 3698–3718. https://doi.org/10.34119/bjhrv2n4-132

Gomes, E. P. S., Sanchez, E. G. D. M., & Sanchez, H. M. (2013). Artralgia em indivíduos com doença de Crohn. Revista Movimenta, 6(4), 565–573. https://web.archive.org/web/20180417074753id_/http://www.revista.ueg.br/index.php/movimenta/article/viewFile/7020/4790

Korotkyi, O., Kyriachenko, Y., Kobyliak, N., Falalyeyeva, T., & Ostapchenko, L. (2020). Crosstalk between gut microbiota and osteoarthritis: A critical view. Journal of Functional Foods, 68.https://doi.org/10.1016/J.JFF.2020.103904


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