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Você sabia que a meditação pode ser aliada da saúde intestinal?


Engana-se quem pensa que a meditação só é boa para acalmar a mente. Na verdade, essa realmente é uma das principais consequências da prática regular, mas todos os mecanismos que acontecem para levar a esse relaxamento, assim como os outros efeitos que a prática tem sobre as mudanças de comportamento, fazem com que o hábito de meditar impacte de maneira positiva a saúde de outras várias partes do corpo, como do intestino. O que explica isso é o cada vez mais estudado “eixo intestino - microbiota - cérebro”. Esse eixo é responsável por regular o funcionamento intestinal e integrá-lo com o que acontece no cérebro, conectando centros emocionais e cognitivos com as funções intestinais. Como a microbiota exerce um papel importante na saúde do intestino, também participa dessa conversa. Os mecanismos que conectam a meditação com a saúde intestinal estão muito relacionados à resposta que o nosso corpo tem à situações de estresse. Sempre que algo é tido como ameaçador - do ponto de vista físico ou mental - a resposta de estresse é ativada, o que causa liberação de hormônios que fazem o corpo entrar em estado de luta ou fuga e também aumenta o nível de compostos inflamatórios circulando pela corrente sanguínea. De forma aguda, essa resposta é essencial para a nossa sobrevivência. Mas se o estresse se torna crônico, como o que acontece com grande parte da sociedade atual, a resposta é a mesma e acaba gerando danos na composição da microbiota. Isso porque os sinais envolvidos no estresse liberados - ou que tem a liberação estimulada - por regiões do cérebro aumentam os níveis de compostos inflamatórios no organismo e isso impacta diretamente a população microbiana e as barreiras físicas do intestino, prejudicando ambas. A capacidade advinda da meditação de exercer maior controle sobre sentimentos, pensamentos e situações estressoras é capaz de reduzir os níveis de estresse e, consequentemente, suprimir a inflamação crônica que se instala no intestino, restaurando a integridade das barreiras desse órgão. Além disso, o aumento da sinalização vagal que acontece no estado de relaxamento, muda o “tom” da conversa entre o intestino, seus microrganismos e o cérebro, promovendo um ambiente intestinal mais saudável e propício para o crescimento de bactérias benéficas. Alguns estudos mostram que esse efeito positivo que a meditação exerce no cérebro e se reflete no intestino também está relacionado com o aumento da abundância de espécies benéficas de bactérias, demonstrando um mecanismo de modulação da microbiota que resulta em maior saúde intestinal. Como consequência dessa modulação, aumenta também a produção de ácidos graxos de cadeia curta que, dado seu potencial anti inflamatório, reverbera de maneira positiva na saúde de forma geral. Tudo isso nos mostra que cuidar do intestino vai muito além de comer bem e/ou usar suplementações específicas. Fatores de estilo de vida como o manejo do estresse, que pode ser feito a partir da prática de meditação, são primordiais para garantir que os estímulos cerebrais não gerem danos ao ambiente intestinal e seus microrganismos. Se você ainda não tem esse hábito, pode tentar começar com meditações guiadas e curtas. Existem várias vertentes, inclusive algumas que envolvem o movimento do corpo, como a Ioga. Vale a pena procurar o tipo que mais faz sentido para você e cuidar não só da sua saúde mental, mas também do seu intestino.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Househam, Ayman & Chopra, Deepak & Peters, Christine & Mills, Paul. (2017). Effects of Stress and Meditation on the Neuro-immune System, epigenetics and human microbiota.


Ningthoujam DS, Singh N and Mukherjee S (2021) Possible Roles of Cyclic Meditation in Regulation of the Gut-Brain Axis. Front. Psychol. 12:768031. doi: 10.3389/fpsyg.2021.768031

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