A sigla FODMAP vem do inglês e, traduzida para o português, quer dizer “Oligossacarídeos, Dissacarídeos, Monossacarídeos e Polióis fermentáveis”. Cada um desses nomes se refere a um tamanho de molécula de carboidrato, e todas apresentam em comum a característica de não serem digeridos até chegarem ao local onde se encontram as bactérias intestinais. Chegando intactos até essa porção intestinal, acabam sendo utilizados como alimento pelas bactérias intestinais, que os fermentam.
A estrutura desses carboidratos mal digeridos acaba aumentando a carga osmótica no intestino, aumentando a quantidade de água para o lúmen intestinal. Como resultado de todo esse processo “inadequado”, alguns sintomas clássicos acontecem: distensão abdominal, aumento da formação de gases, urgência para defecar, alterações nos movimentos peristálticos e diarreias.
Não são poucos os alimentos que entram na lista da “família” daqueles ricos em FODMAPS, e muitos alimentos saudáveis figuram aí. A questão não é a baixa qualidade nutricional, mas sim a estrutura física e química desses alimentos. Em muitas pessoas, o consumo não causa qualquer tipo de sintoma, mas em atletas que estão em fases de treinamento excessivo e exaustivo, a função e a integridade do intestino, principalmente dos transportadores de carboidratos, acabam ficando prejudicadas. Nesse cenário, aumenta a carga de moléculas alimentares não digeridas no ambiente intestinal, resultando nos sintomas já apresentados.
O protocolo low FODMAP é uma estratégia de nutrição que deve ser feita de forma muito individualizada, porque para cada indivíduo, os alimentos “gatilho” dos sintomas e a tolerância a cada um deles é bastante diferente. Geralmente, o protocolo consiste em retirar todos os alimentos com elevado potencial fermentativo da rotina alimentar (o que acaba gerando um padrão bastante restrito); em seguida, é a fase de ir (re)incluindo, um alimento por vez, para testar a tolerância e identificar quais são os alimentos gatilhos; depois de coletar esses dados, é possível personalizar a dieta para reduzir a ingestão dos principais carboidratos que disparam as crises.
Atletas, de uma forma geral, tendem a prestar uma atenção maior na própria alimentação, pois compreendem o peso da dieta no alcance da sua melhor performance e rendimento. Contudo, justamente por terem um intestino muitas vezes mais “fragilizado” do que indivíduos que não possuem a mesma carga de treino, não é incomum que, por conta própria, muitos deles acabam reduzindo a ingestão de alguns alimentos que causam desconforto sem nem saber que estão na lista daqueles ricos em FODMAPS, como aqueles em lactose ou com excesso de frutose e glicose, por exemplo. Mesmo assim, algumas evidências suportam a estratégia de fazer a utilização de protocolos ainda mais low FODMAPS em algumas situações específicas.
Algumas competições incluem várias provas ao longo de um dia, ou até mesmo vários dias seguidos. Nesses casos, é muito importante se atentar para a “recarga” dos combustíveis utilizados durante as provas, e depois do esforço extenuante, o intestino pode estar mais sensível. Aqui, o uso de um protocolo com baixa carga de FODMAPS pode ser uma boa opção para otimizar o reabastecimento dos estoques de energia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Killian, L. A., Muir, J. G., Barrett, J. S., Burd, N. A., & Lee, S. Y. (2021). High Fermentable Oligosaccharides, Disaccharides, Monosaccharides, and Polyols (FODMAP) Consumption Among Endurance Athletes and Relationship to Gastrointestinal Symptoms. Frontiers in nutrition, 8, 637160. https://doi.org/10.3389/fnut.2021.637160
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