As festas de final de ano são marcadas pelo consumo de alimentos com alto teor calórico e bebidas alcoólicas, como doces, frituras, refrigerantes, vinhos e cerveja. Durante esse período, os indivíduos dão uma folga à rotina e acabam exagerando. Junto a isso, tem-se um aumento nos sintomas associados a desconfortos gastrointestinais, como má digestão, azia, gases, refluxo, distensão e dores abdominais. Isso tudo ocorre pois o estômago e o intestino são sensíveis a essas alterações da rotina, agredindo a mucosa intestinal e gerando tais distúrbios.
Por outro lado, alguns componentes alimentares e estratégias podem ser utilizadas para auxiliar no reparo da mucosa intestinal e reverter essas situações. Vamos entender um pouco sobre isso.
Barreira intestinal
A barreira intestinal desempenha um papel importante na homeostase da função mucosa, atuando como barreira entre o conteúdo presente no lúmen e o sistema imunológico. A microbiota intestinal possui um papel importante na manutenção da integridade da barreira e consequentemente do sistema imunológico.
Situações como estresse, consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, bebidas alcoólicas, aditivos alimentares, gorduras, carboidratos simples e baixo consumo de fibras, água e alimentos in natura (comum em festas de final de ano) causam uma alteração na composição da microbiota intestinal, aumentando a permeabilidade intestinal, a inflamação e agressões à mucosa.
Esse vazamento de substâncias do lúmen intestinal para a circulação são os responsáveis por causar inchaço, cólica, gases e até mesmo doenças inflamatórias intestinais.
Estratégias para reparar a mucosa intestinal
Para reparar a mucosa intestinal após as comemorações de final de ano, é importante voltar a uma rotina saudável, mantendo uma alimentação equilibrada e praticando exercícios físicos regularmente. Alguns nutrientes podem auxiliar durante esse processo:
Consuma alimentos ricos em fibras: As fibras alimentares são resistentes ao processo de digestão, sendo fermentadas pelas bactérias, que originam metabólitos como os ácidos graxos de cadeia curta (butirato, propionato, lactato e acetato). Esses ácidos graxos servem como fonte de energia para as células do intestino, o que colabora para a manutenção e reparo da mucosa intestinal.
Diminua o consumo de alimentos que possam causar desconfortos, como alimentos ricos em açúcar simples e gorduras.
Alguns suplementos contendo L-glutamina e nucleotídeos auxiliam na manutenção e reparo do revestimento intestinal, diminuindo a permeabilidade da barreira e consequentemente a inflamação. Outros suplementos que podem auxiliar na reparação dos danos são zinco e ômega-3, pelas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes.
Invista em alimentos fermentados, como iogurte e kefir. Estes são considerados alimentos probióticos, auxiliando na recomposição da microbiota intestinal.
A vitamina D auxilia na recuperação dos danos à mucosa pelo potencial efeito imunomodulador no intestino.
A suplementação com probióticos, como Lactobacillus reuteri, é eficaz na manutenção da regeneração do epitélio intestinal, como também na reparação dos danos intestinais causados, sendo uma alternativa terapêutica para quadros de inflamação intestinal.
Referências
Camilleri, Michael. “The Leaky Gut: Mechanisms, Measurement and Clinical Implications in Humans”. Gut , vol. 68, n o 8, agosto de 2019, p. 1516–26. PubMed Central, https://doi.org/10.1136/gutjnl-2019-318427.
Wu, Haiqin, et al. “Lactobacillus reuteri mantém a regeneração epitelial intestinal e repara a mucosa intestinal danificada”. Gut Microbes , vol. 11, no 4, p. 997–1014. PubMed Central , https://doi.org/10.1080/19490976.2020.1734423.
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