O aprendizado e a memória são funções cerebrais que dependem da habilidade de acumular novas informações nos circuitos neurais. Tal capacidade, por sua vez, depende do nível de plasticidade sináptica e do número de conexões existentes entre os neurônios. Apenas para ficar claro, vamos relembrar alguns conceitos das aulas de biologia do ensino médio: os neurônios são as principais células que compõem o cérebro e conversam entre si a partir de sinapses. A plasticidade sináptica diz respeito à capacidade que essas conexões têm de ir criando novos caminhos e, assim, desenvolvendo novas “conversas”, que se traduzem como novos aprendizados.
Repertório, leitura, exercícios de escrita e outros estímulos ambientais e atividades que costumeiramente realizamos nas escolas e universidades são fundamentais para o desenvolvimento dessas funções, mas fatores dietéticos também possuem uma elevada influência na capacidade de cognição. Logo, nutrientes que são capazes de dar suporte para o aumento e plasticidade das sinapses são de extrema importância se temos como objetivo melhorar as funções de aprendizado e memória.
O magnésio é um clássico exemplo desse tipo de nutriente. Esse mineral atua como cofator de várias enzimas e é vital para a produção de energia, síntese proteica, transporte de íons e sinalização celular, o que se reflete na sua atuação na melhora do humor, função intestinal, resposta imune, metabolismo muscular e, inclusive, desempenho cognitivo. Um dos locais com maior demanda de magnésio é o cérebro, o que se deve principalmente à capacidade desse mineral de regular a plasticidade sináptica e atuar no manejo de condições neurodegenerativas e disfunções afetivas como a depressão e ansiedade. Logo, por atuar sobre as sinapses, o aumento de magnésio cerebral é uma forma de melhorar a aprendizagem, memória e os processos cognitivos de maneira geral. E bons resultados para esse objetivo podem ser potencializados a partir da sinergia entre magnésio e vitamina C. As melhores formas de magnésio para o cérebro são l treonato e magnésio glicinato.
A vitamina C é um potente antioxidante, ou seja, é capaz de neutralizar os radicais livres formados naturalmente quando as células desempenham suas funções. A produção de energia é um exemplo de atividade celular que gera uma série de espécies reativas. O problema dessas substâncias é que elas podem danificar o DNA e outras estruturas da célula, prejudicando o seu funcionamento. Dessa forma, em um local de intensa atividade como o cérebro, principalmente quando está desenvolvendo as funções de aprendizado e memória, manter a oferta adequada de antioxidantes é vital para uma boa eficiência.
Além disso, essa vitamina apresenta outros papéis mais específicos no Sistema Nervoso Central, como participação na diferenciação e maturação dos neurônios, e neurônios fazem o quê? Sinapses! Um estudo recente demonstrou uma associação positiva entre os níveis de vitamina C no plasma e a performance aumentada em pequenas tarefas utilizadas para medir a capacidade cognitiva de aprendizado e memória.
E se estamos falando de melhora das funções cerebrais, não podemos deixar de lado o ômega 3. Esse tipo de lipídio é um dos principais componentes das membranas das células cerebrais, e a manutenção da função ótima dessas células depende de uma estrutura adequada. Além disso, o ômega 3 possui uma característica anti-inflamatória e isso auxilia, ainda, na proteção contra a neuroinflamação, um estresse capaz de prejudicar todo o funcionamento cerebral e que é importante fator de risco para o desenvolvimento de condições neurodegenerativas. Existem dois tipos principais de frações do ômega 3, o EPA (ácido eicosapentaenoico) e o DHA (ácido docosahexaenoico). Em relação à memória, a nossa capacidade de fixar informações, a segunda fração parece ser mais relevante, por estar presente em maior quantidade nas membranas da células cerebrais, especialmente compondo estruturas que atuam na sinalização dos processos associados à função de memória, como a fosfatidilserina. Se os níveis de ômega 3, e principalmente da fração DHA, não forem suficientemente obtidos a partir de dieta ou suplementação, outros tipos de lipídios, inclusive de característica pró-inflamatória, acabam sendo usados na formação de membranas celulares e toda a função cognitiva fica comprometida.
Esses são 3 exemplos de nutrientes fundamentais que devem estar adequados na dieta de quem quer melhorar o aprendizado - talvez apenas por alimentos, ou quem sabe precisando de suplementação, mas isso é altamente individual e depende de uma anamnese detalhada realizada por profissional especializado, como o nutricionista! Mas se você já quiser dar um up na oferta desses nutrientes ao seu corpo, invista no consumo de frutas de maneira geral, sementes, castanhas e peixes!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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