A Doença Celíaca trata-se de uma desordem intestinal inflamatória e crônica, e estimativas apontam que por volta 2 milhões de brasileiros possuem essa condição. Porém, essa é uma desordem subdiagnosticada, já que muitas pessoas não entendem que seus sinais e sintomas podem ser causados por um ingrediente tão presente nos lares da população do Brasil, o trigo. Este tem o glúten em sua estrutura, uma proteína que pessoas sensíveis têm dificuldade para digerir.
Os sintomas dessa condição são diversos, como dores abdominais, diarreia, constipação, refluxo, vômito, náusea, até anemia ferropriva, já que o glúten tem impacto nas microvilosidades do intestino delgado, responsável pela absorção do ferro. Existem também sintomas extra intestinais como cansaço, dores articulares, alergias etc. Nem todos vão apresentar todos os sintomas.
Pacientes diagnosticados celíacos são aconselhados a cessar o consumo de fontes de glúten, e evitar também a contaminação cruzada, ou seja, alimentos que não deveriam ter glúten, mas foram confeccionados no mesmo ambiente que contém glúten. Outra forma muito comum de contaminação cruzada é o uso de utensílios domésticos, como uma fôrma de bolo que faz tanto bolos com glúten como bolos sem glúten.
A recomendação de interromper completamente o consumo de fontes de glúten pode ser um desafio para as classes mais emergentes ou pela falta de praticidade, visto que é mais simples e comum para o brasileiro, acordar com um pão com manteiga no café da manhã. Essa recomendação pode atrapalhar também em outros âmbitos do paciente. Um estudo realizado entre 2013 e 2014 concluiu que celíacos têm perdas psicoafetivas, em suas relações familiares e em adaptação social, uma vez que tomam a decisão de parar com o consumo de glúten.
Por isso, além de acompanhamento com medicina do trato gastrointestinal e de nutricionista, o apoio de terapia se faz necessário, visto que o paciente deve entender que as complicações do consumo de glúten por uma pessoa celíaca podem resultar em sintomas de curto e longo prazo, e que vale a pena seguir com a dieta livre de glúten.
Hoje, com o maior conhecimento da condição, é possível encontrar diversas receitas com versões sem glúten, como panquecas, pães e bolos. Porém, é ainda mais fácil se alimentar de forma natural, substituindo por exemplo um sanduíche por um café da manhã com frutas e ovos.
Referências:
Natalia Periolo, Alejandra C. Cherñavsky, Coeliac disease, Autoimmunity Reviews, Volume 5, Issue 3, 2006, Pages 202-208
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